A fralda de pano evoluiu

Há no mundo um novo jeito de maternar que inclui, entre outras coisas, o uso de fraldas de pano. E se você tem ou vai ter um bebe pode se juntar a esse movimento.

O Motivo Ambiental - parte I

Da celulose ao lixo
Os impactos que o consumo crescente de fraldas descartáveis gera vão desde a obtenção da matéria prima até a disposição final nos lixões e aterros.
 
Quantidade de fralda que uma criança irá usar durante sua vida. (fonte da imagem)

Estima-se que cada criança que use fralda descartável precisará que 5 árvores sejam abatidas. Isso quer dizer que só no Brasil, onde apenas 35% dos bebes usam fralda descartável, por ano, será necessário o corte de mais de 5 milhões de árvores! Imagine para a produção mundial, onde se contabiliza 1 bilhão de árvores!
Para obtenção da polpa de celulose, além de árvores abatidas inserem-se outros fatores ambientais, como o alto consumo de energia (a produção de papel está em quinto lugar na lista das atividades que mais consomem energia) e quantidades massivas de água. O uso de produtos químicos, principalmente o cloro, no processo de branqueamento da polpa também é apontado como de grande impacto poluidor, liberando poluentes como por exemplo a dioxina.
O assunto dioxina é pouco conhecido no Brasil, mas já está em debate há muitos anos nos países europeus. (A dioxina além de ser um grave problema ambiental representa também um perigo à saúde, sendo relaciona como a substância mais cancerígena já produzida pelo homem.) 
Mas além de papel a fralda descartável ainda utiliza componentes de origem petroquímica na forma de polímeros superabsorventes, não tecidos de polipropileno (cobertura interna absorvente) e polietileno (parte externa impermeável) , nos adesivos e elásticos. E os impactos do uso do petróleo, fonte esgotável de energia e matéria prima, conhecemos melhor.
Mas após todo esse estrago para ser fabricada a fralda, depois de ser transportada da fábrica ao distribuidor e de lá ao varejista (pode ter passado antes pelo atacadista), onde pode ser comprada pelo consumidor... a fralda chega em casa e é usada durante 3 ou 4 horas antes de ser simplesmente jogada no lixo.
E no lixo a fralda se torna um enorme problema ambiental. A produção anual de fraldas descartáveis infantis no país está em torno de 5,5 milhões de unidades. São 4,5 milhões de metros cúbicos de lixo por ano... Para termos uma idéia do que isso representa é possível encher o Maracanã até a boca duas vezes... e ainda sobra fralda! E essas fraldas demorarão 450, 500, 600 anos para se decompor. Isso não quer só dizer que você ou seu filho não estarão vivos quando essa fralda finalmente deixar de existir. Não estarão vivos nem seu neto, nem seu bisneto... nem a sua 10ª geração. O que será que eles vão fazer com todas essas fraldas? A pergunta que nos ocorre é: onde está agora todo esse lixo que não estamos vendo? Isso sem contar os milhares de toneladas de plástico só das embalagens aonde vem as fraldas.
O pior é que não acabou. Os impactos do despejo das fraldas sujas no aterro ainda pioram com a contaminação das águas de rios e do lençol freático com vírus e doenças presentes nas fezes (até doenças erradicadas como a poliomielite) espalhados principalmente pelo contato das crianças com os vírus vivos em forma de vacina. A deposição desse tipo de resíduo nos aterros impede o seu correto tratamento, uma vez que se no lugar disso a fralda tivesse sido lavada, os dejetos entrariam no sistema de esgoto, onde poderiam ser tratados.
Com o aumento da preocupação ambiental por parte dos consumidores a indústria de fraldas já começa a falar em fraldas biodegradáveis, nas quais é adicionado amido ao plástico para aumentar a sua fragmentação. Porém há quem diga que o invento não passa de nova jogada de marketing uma vez que mesmo reduzido em partículas menores, a quantidade de plástico e o seu volume continua a ser o mesmo. Além disso, alguns plásticos que poderiam entrar em processos de reciclagem, deixam de poder sê-lo quando misturados com o açúcar, já que este interfere no processo, deteriorando a qualidade e consistência dos produtos reciclados. Nestes casos, a designação de "biodegradável" não tem qualquer consequência em termos ambientais. 

Leia O Motivo Ambiental - Parte II

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